terça-feira, 29 de abril de 2008

E as histórias prosseguem, como se tudo houvesse acontecido!


O JARDIM, O OGRO E UM POEMA

De Rose Mary Ferreira Almeida

Era uma vez, um reino muito distante e bonito que tinha um rei que governava com amor e justiça.

Nele, todos viviam felizes, com vida normal, cuidando de seus jardins.

As janelas das casas eram decoradas com cortinas de xadrez, contornadas com babadinhos brancos. Através destas janelas tinha-se uma visão romântica dos jardins tão cheios de gramados e lindas flores que exalavam perfume.

Destas janelas também se podia observar as crianças que brincavam, sorriam, passeavam e corriam livremente, pois não havia muros nem grades separando as casas e os jardins.

Neste reino morava também um ogro. Diziam que ele era mau e não gostava de criança, mas na verdade, ele sofria mesmo era de solidão.

O ogro também tinha um jardim e de todos os jardins o mais bonito era o seu. Nele havia flores raras e exóticas...lindas e incomuns violetas, orquídeas belíssimas, lírios alvíssimos, majestosas roseiras, bromélias multicores...

Como viviam falando mal dele, resolveu, só de birra, fazer um muro bem alto ao redor do jardim. Assim, depois de feito, ninguém mais pôde ter acesso ao seu lindo pomar.

Então, repentinamente, algo muito estranho começou a acontecer: o jardim foi perdendo as cores e a alegria,a grama secou, as árvores morreram, tudo foi murchando, ficando feio. O ogro se lamentava, se desesperava. Mas suas flores não paravam de secar.

- Meu jardim é bem mais rico e tem muito mais flores raras e exóticas. Porque, então, os jardins comuns estão assim: diferentes, cheios de luz, beleza e encanto?

O ogro triste e preocupado, não conseguia ficar parado:

- O que fazer? O que aconteceu com minhas flores? Ó vento amigo, me diga o que faço para aliviar meus dissabores?

O vento soprou um poema do Mário Quintana, mas o ogro, insensível à poesia, não entendia a linguagem do vento.

-Ó passarinhos, me digam o que aconteceu ao meu jardim e me ajudem a não viver tão triste assim!

Os passarinhos começavam a cantar, mas o ogro também não entendia o passarinhês.

- Borboletas amigas, me digam por favor, o que devo fazer para não morrer de amor!

As borboletas recitavam o tal poema. Cada cor uma frase, cada frase uma cor. Mas ele por mais que tentasse, não conseguia entender o borboletês.

E o ogro então, caiu doente de uma certa doença que enfraquece o coração da gente.

Até que um dia, quando sua força não mais existia e no leito ele quase morria, o vento soprou forte, mas tão forte, mas tão forte, que abriu a janela do quarto em que ele padecia, e o tal poema na ventania, finalmente o ogro ouvia.

Depois disso, ele mandou chamar seus empregados para que destruíssem o muro. Ordenou e o grande muro ao chão tombou!

Depois disso, como se por milagre, tudo voltou a ser como antes: as flores , os jardins, as pessoas, o ogro, os pássaros, as borboletas, o vento...Todos viviam juntos e felizes . Não havia mais um muro a separá-los.

E só então, o ogro conseguiu, enfim, entender o ventanês, o passarinhês, o borboletês e o poema de Mário Quintana:

“O que mata um jardim não é o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
De quem por ele passa indiferente.”





Foi para a cabeça
E saiu na mão
Quem quiser outra
Tem que entrar pelo coração!





segunda-feira, 28 de abril de 2008

sábado, 26 de abril de 2008